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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

O ano novo é um marco de novas esperanças, de novas ideias e de um momento de reflexão. O início é sempre cheio de incertezas e de questionamentos. Então não seria diferente em um ano novo letivo. Até aquele professor mais “cascudo” – tantas vezes ignorado pelas novas ondas docentes que chegam ávidas por uma sala de aula – ainda brinda a mais um novo ano letivo com esperança... Afinal, são duzentos dias letivos que nos transformam, querendo ou não, é como uma onda.
Não somos profissionais que batem o ponto de entrada e saída, não somos profissionais que deixam o problema a ser resolvido para amanhã, somos sim os profissionais que muitas e muitas vezes deixam sua própria família em horários diversos para corrigir provas, preparar provas, preparar aulas, mudar algo que achamos que não nos integrou a turma...esse poderia ser o verbo ação do professor no início de cada ano letivo...cativar.
“O professor extrapola a sala de aula e se eterniza em cada aluno”
Se quiser uma base teórica, Freire se coloca firme ao levantar a ideia de que a esperança sendo parte da natureza humana somos todos, em busca do nosso inacabamento, um reflexo constante da capacidade de aprender e ensinar. Se preferir uma base emocional, todo final de ano letivo, cansados, professores e professoras comentam entre si a simples ideia: “ano que vem vou mudar de profissão, não aguento mais entrar em sala de aula” e, vem as férias, o merecido descanso, o reencontro com a família e amigos... A semente está ali, dia após dia germinando até o início do ano letivo, que para nós inicia com reuniões pedagógicas, com apresentações e com recomeços. E ali estão os professores, com esperança, com sugestões, com novas formas de cativar seus alunos, nossos alunos.
Professor e professora dos anos fundamental final e médio concorrem com o mundo. São 50 minutos em que você ensina (“Professora sim, tia não”, Freire), você faz malabarismo contra celulares, ipods, iphone e i...não sei porque tenho que aprender isso – frase mais que repetida no mundo discente. Lidar com adolescentes não é fácil, lidar com adolescentes que não tem os mesmos valores não é nada fácil, lidar com adolescentes que não possuem nossos valores não é nem um pouco fácil.
Professor é profissão viva. Professor extrapola a sala de aula e se eterniza em cada aluno. É a tia abraçada na rua, é o professor no Supermercado Guanabara que tem que olhar para o alto ao ver que seu aluno ficou maior que você, é a professora que vira exemplo anos depois quando seu aluno decide virar professor. Cativar é isso, é deixar semente. E terra semeada vai dar frutos, lei da vida, lei natural.
Ano novo letivo é uma mistura de esperança renovada, de dificuldades ultrapassadas e de novos registros. Se o aluno entra em sala com materiais novos, nós entramos com um pedacinho de uma memória livre, ávidos por novos conhecimentos, que serão interconectados em cada sala de aula, em cada transformação entre aluno e professor. Talvez por isso que quem é professor, é professor até o fim e sem fim permanece como exemplo em cada aluno seu. Mesmo que seja aquele aluno que te faz contar até dez, cem, mil...

Aline Paraná Pereira é licenciada em Geografia pela Universidade Federal Fluminense e especialista em Orientação Educacional com 12 anos de prática docente

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